
Uma Década Gloriosa
Em 1990, o Corinthians era de longe o maior vencedor do Campeonato Paulista, com 19 canecos, e já contava com uma das maiores coleções de títulos do cenário nacional. Mas faltava o principal troféu: o de campeão Brasileiro. O time não era nem de perto o favorito naquele ano. Um Corinthians que em princípio não tinha grandes estrelas acabou surpreendendo a todos e faturando o nacional sob a regência de um craque, o meia Neto. Ele comandou o alvinegro durante toda a temporada. Com seus lançamentos precisos, cruzamentos perfeitos e, especialmente, cobranças de falta venenosas, ele levou o Timão à glória naquele ano. Marcou 09 gols na campanha, cinco deles de bola parada. Mas foi nas quartas e semifinais que sua estrela brilhou mais.
O Timão perdia o jogo de ida das quartas-de-final para o Atlético-MG por 1 a 0, em pleno Pacaembu, até os 30min do 2º tempo. Quando tudo parecia perdido, Neto marcou dois e garantiu a vitória do Timão, que empatou o jogo de volta e avançou. Já nas semifinais, o adversário era o Bahia, no Pacaembu, e o filme se repetiu: após sair atrás no placar, o Timão empatou ainda no 1º tempo, com um gol contra, e virou o jogo com gol de Neto, aos 18min do 2º tempo. Na decisão, o Timão pegou o São Paulo. Como de costume, o rival não teve vez: duas vitórias por 1 a 0 e o primeiro caneco nacional. No primeiro jogo, gol de Wilson Mano. No segundo, um gol inesquecível de Tupãzinho, que fez uma tabela fantástica com Fabinho e tocou para o fundo das redes do São Paulo. Depois, foi só comemorar o primeiro dia em que o Timão conquistou o Brasil! Depois do Brasileirão de 90, o Corinthians ficou três anos sem conquistas, mas a partir de 1994: começou uma seqüência incrível de títulos.
O primeiro deles foi a Copa Bandeirantes, torneio foi realizado entre o final do Paulista e o início do Brasileiro e valia uma vaga na Copa do Brasil no ano seguinte. O Timão faturou o troféu e carimbou o passaporte para a Copa do Brasil com direito a memoráveis goleadas: 4 a 1 no São Paulo e 6 a 3 no Santos. Em 1995, muitas glórias para o Timão: logo no começo do ano, conquistou a Copa São Paulo de Juniores. Depois, lavou a alma ao devolver para o Palmeiras a derrota na final do Brasileiro no ano anterior: uma virada espetacular no jogo decisivo, com um gol memorável de Elivélton aos 12min do segundo tempo da prorrogação, selando os 2 a 1 que deram ao Timão seu 21º título paulista. Mas o grande título do ano foi a Copa do Brasil. Após passar pelo Vasco nas semifinais com um sonoro 5 a 0 no Pacaembu, o Timão pegou na final o Grêmio, que já se mostrava especialista nesta competição. Só que o Timão nem tomou conhecimento da força dos gaúchos. Comandados por Marcelinho e Viola, os corintianos venceram as duas partidas: primeiro, no Pacaembu, por 2 a 1. Na volta, por 1 a 0 em pleno estádio Olímpico, com um gol de cabeça de Marcelinho
O Corinthians conquistava sua primeira Copa do Brasil. O ano de 1996 não foi dos melhores para o Timão, que não foi bem no Paulista e no Brasileiro, mas também não passou em branco: conquistou o tradicional Troféu Ramón de Carranza. Em 1997, uma grande parceria com o Banco Excel trouxa ao Corinthians estrelas da época, como os atacantes Donizete e Túlio Maravilha e o zagueiro Antônio Carlos. Com esse time, o Corinthians ganhou mais um Campeonato Paulista, vencendo o quadrangular final envolvendo os quatro grandes do estado. Em 1998, o Timão montou um verdadeiro esquadrão. O meio-campo era composto pelo quarteto Rincón-Vampeta-Marcelinho-Ricardinho, a zaga liderada por Gamarra e Edílson dava o tom no ataque no ataque. Com esse timaço, o Corinthians chegou aos playoffs do Brasileirão como a melhor equipe e mostrava um futebol impecável, organizado pelo técnico Wanderley Luxemburgo. Nas quartas-de-final, a vítima foi o Grêmio. Depois de vencer a primeira partida no Olímpico, o Corinthians tomou um susto ao perder por 2 a 0 no Pacaembu, mas na partida decisiva, um gol de Edílson garantiu a classificação para as semifinais.
O Santos era o adversário seguinte. Desta vez, o Corinthians usou a vantagem de ter a melhor campanha: foi uma derrota, uma vitória e um empate. Com isso, o passaporte para a final com o Cruzeiro foi carimbado. A decisão, que foi disputadíssima, consagrou dois jogadores: o meia Marcelinho e o atacante Dinei. Na primeira partida, o Cruzeiro chegou a abrir 2 a 0, mas o Timão reagiu e buscou o empate em pleno Mineirão, lotado por mais de 85 mil pessoas, com gols deles dois. Na segunda partida, novo empate: 1 a 1 no Morumbi. Marcelinho marcou o do Timão e Marcelo Ramos fez o dos mineiros. Com isso, a terceira partida se fez necessária, e quem vencesse, levava o título. O empate era do Timão. Mas nem precisou. Em grande partida de Dinei, que deu grandes assistências para os companheiros, o alvinegro enfiou 2 a 0 com gols de Marcelinho e Edílson e faturou seu segundo brasileirão – com todos os méritos. Mais dois títulos vieram em 1999.
Primeiro, o Timão venceu o rival Palmeiras na final do Campeonato Paulista. No primeiro jogo, o alvinegro passeou em campo e enfiou 3 a 0 no Palmeiras. No segundo, os palmeirenses perderam a compostura... O jogo estava 2 a 2 e perto do final. Com o título praticamente assegurado, o Corinthians apenas trocava passes em campo, até que Edílson começou a fazer embaixadinhas, e isso foi demais para os atletas alviverdes, que partiram para a briga. O jogo virou uma guerra. A partida não chegou ao fim, mas o Timão comemorou mais uma conquista. No Brasileirão deste ano, outro show alvinegro: liderando a competição de ponta a ponta, o Corinthians se classificou para os playoffs (melhor de três) com a vantagem dos resultados iguais e de decidir em casa. Contra o Guarani, nas quartas-de-final, foram dois empates e uma vitória que levaram o Timão à memorável semifinal contra o São Paulo. O primeiro jogo das semifinais foi marcado pelo duelo Dida x Raí, vencido com folga pelo goleiro corintiano. Ele pegou nada menos do que dois pênaltis cobrados pelo irmão de Sócrates, um deles aos 44min do segundo tempo, e garantiu a vitória por 3 a 2 para o Corinthians. Uma nova vitória alvinegra no segundo jogo, dessa vez por 2 a 1, garantiu a presença corintiana nas finais sem necessidade de um terceiro confronto. A Final foi contra o Atlético-MG, e começou com um susto: 3 a 2 para o Galo no Mineirão no primeiro jogo. Mas na volta, Luizão tratou de fazer 2 a 0 para o Corinthians e tranqüilizar as coisas no Parque São Jorge. O terceiro jogo foi morno, e o Timão só segurou o empate para conquistar mais um Brasileirão – o terceiro de sua história.